domingo, 2 de novembro de 2014

Carta aberta a quem se intitula

               Escuta Coração, que vou lhe dizer segredos que só confiei quando vi na pele e que lhe divido por tamanha consideração. Que não há dor que não se acabe e que nenhuma é maior que a vida. Que pontos finais podem se tornar vírgulas, mas ás vezes mais vale o fim do que qualquer outra saída.
                Existe gente Coração, que mais diminui do que acrescenta, leva para baixo e não te traz nada, porque meu grande amigo, o que nos constrói é o valor que se ganha e a experiência vivida, quem nos ensina e não quem nos engana, que por não ter  feito história, enche de inveja e se martiriza ao ver você sorrir pra vida.
                Amor não se pede e nem se mendiga Coração, vem de bom grado e nem sempre a quem merece, nem todas as vezes é bem recebido, mas acalme...não se entristeça, existem pessoas que nunca aprenderam a receber carinho.
                Escuta Coração que o som é o que inspira a batida e estais a vida para ser sentida, doa o tanto que doer, sofra o tanto que sofrer, após o choro vem a alegria, depois da chuva, se vê arco-íris e não cresce aquele que se esconde.
               Escuta Coração, que não importa a dor, estende a mão e encontre a de um amigo, família que podemos escolher, e ele irá te ajudar a enfrentar qualquer que seja o problema que vier. Pois, me escute.

                              - Marcella Leal

domingo, 17 de agosto de 2014

S(eu)s caminhos

           Por onde foi que nos perdemos entre as manhãs frias, os risos e as conversas atrapalhadas? Quando é que nos tornamos tão egocêntricos a ponto de não mais podermos permanecer juntos?
Nossa amizade era peça de quebra cabeça, cada um com o contorno completamente diferente, mas que juntas se encaixavam e formavam belo desenho. Onde é que foi que erramos? Nos convites tortos, na conversa de quem se esquiva, no “Será que se eu puxar assunto, eu vou incomodar?”
Você sabe e eu sei, que eu tenho mesmo esse defeito de não saber ficar junto de quem não pode estar sempre ao lado, porque por carência eu quero sempre para mim e que não sei manter entrelaçados, nós que por motivos ocultos, não podem estar sempre juntos. E nos fomos, eu pro meu lado e você pro seu, que aqui de mim, parece tão longe e solitário.

 Eu te daria um último abraço ou talvez eu puxe um dia, uma nova conversa e a gente recomece, a falar bobeiras, teorias falhas e a esboçar sorrisos, da nossa melhor amizade.

                       - Marcella Leal

PS- Caro amigo, que por carinho venha a ler esse blog, esse texto NÃO é pra você. Ele é ao mesmo tempo pra tanta gente e pra ninguém, então não tente entender.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Eu não sei do que eu tô falando

            Eu nunca vou ser a gostosa da academia, que desfila a bunda espremida na calça de ginástica mega estampada e não se digna a pôr blusa por cima do top vulgar. Eu nunca vou ser a amiga descolada que fala sobre sua intimidade aberta e clara com os amigos pra ficar sabendo da vida sexual deles. Já parei há muitos anos de tentar fingir ser algo que não sei ser, esssa boazinhas com cara de santa, descoladinha e amiguinha, simplesmente não sou eu.
                Eu acordo todo dia com uma vontade enorme de mandar metade das pessoas com quem convivo diariamente para um lugar tão feio que mancharia o texto se digitasse, as pessoas são tão blábláblá e faz-de-conta que não cabe na minha paciência.
                Pego quatro ônibus por dia e em todos eles, tem uma gorda escrota que não tem noção de espaço e estaciona na frente da porta do ônibus e tem um idiota que acha que eu sou obrigada a escutar Racionais e alguma senhorinha que, desavisada do meu senso crítico tagarela, vem fazer reflexões sobre a vida, as pessoas, e “essa juventude de hoje em dia”, em que dá licença, eu me enquadro.
                Todo santo dia eu não tenho certeza do que estou fazendo, mas me dedico ao máximo para que fique bem feito, porque eu tenho vergonha na cara e jamais conseguiria olhar pro  meu chefe no final do mês e saber que eu não fiz nem metade do que ele me confiou sem corar as bochechas e sentir vontade de enfiar a cara no buraco mais próximo.
Trabalhar no oitavo andar tem disso, direto você olha pela janela e imagina como seria o mundo sem você e me dói o estômago pensar que para muita gente, seria até melhor. Não, não é drama e nem tendência suicida, é só um desabafo de coisas soltas que me passaram pela cabeça nas últimas vinte e quatro horas e para encarar esse dia e o resto dessa semana, eu simplesmente tinha que desabafar.
O que conforta é saber que eu volto todo dia pra uma bela de uma casa, com comida quente no fogão e mensalidade da faculdade em dia e       que algum dia, se tudo nessa vida der certo, vou rir desse texto enquanto leio ele na minha varanda em frente pra praia. Mas vai demorar a chegar essa maré, vão passar ônibus lotados, greves do transporte público, wifi ruim, professores pé no saco, gente que não sabe dizer “obrigado” e muita pessoinha falsa e arrogante, que de tão rasas, nunca vão conseguir mergulhar profundamente em nada e vão ficar estáticas no mesmo lugar – ou consigam.
Toda história bonita tem por trás uma passagem de luta, conquista e superação, é o velho clichezão de que as maçãs boas não ficam na base da árvore e na verdade, não tem nada que conforte mais do que isso.

            
       -Marcella Leal

domingo, 29 de junho de 2014

Blablablá

       Costumo fazer caretas em frente ao espelho ou para a câmera frontal do celular e discuto mentalmente com muita gente por coisas que nem chegaram a acontecer; Gosto de me ver no meu pior e não me assusto mais com ele.
Sei há anos que não sou uma das pessoas mais fáceis de lidar, afinal, sou sistemática e arrumo os enfeites do quarto do mesmo jeito todos os dias, não gosto de conhecer gente nova porque fico entediada procurando assuntos e não é toda festa que me agrada. Tem dias que não quero socializar, pôr maquiagem, roupa bonita e papo pra dar e vender. Tem dias que ficar em casa é a mesma coisa de me pôr na guilhotina.  
Sou muito de “veneta” como diz minha mãe, hoje não, amanhã sim e depois “ai meu Deus, porque você tá me dando isso?”. Encho o saco fácil, minha paciência é privilégio para poucos e apesar de frequentar um curso que prega a igualdade, direito de opinião, “escute o outro, todos tem algo pra acrescentar”, “é assim que vai se comportar numa audiência?”, eu simplesmente ás vezes não tô a fim de ouvir o que ninguém tem a me dizer. 
 Acho que sou um pouco individualista, não gosto nem de dividir pensamento, pessoas, amores, momentos. Sou também egocêntrica, é tudo meu e ponto final. Tenho espalhados pelo quarto, fotos, enfeites, cartas, recordações da escola, da infância e citações dos livros que li, sou bastante apegada ao passado e as pessoas, filtrei do que vivi apenas o que me fez bem e passo dias sem lembrar das porcarias que tive que conviver um dia.
 Parei de manter diários há muito tempo, mas encho os cantos de caderno, notas do celular e o word com pensamentinhos que falam muito mais do que eu mesmo. Faço amizade fácil, geralmente, eu tenho opiniões sarcásticas e não gosto de almoçar sozinha, isso atrai pessoas para falar ou comer entre o trabalho e a faculdade... mas, não tente me apresentar ninguém, por favor, sou bobona e não sei falar inteligente.
Pessoas Facebook me irritam, pessoas “eu li e tô reproduzindo” me tiram do sério, ou você forma sua opinião sobre alguma coisa ou você cala a boca: é o meu mantra, meu ideal de vida.  Sou apaixonada pelo meu curso, amo comprar caderno novo e caneta nova, tem cheiro de recomeço.
Amo meus amigos. Se eu chamei de amigo, é porque realmente, eu gosto pra caramba daquela pessoa, me dói ficar longe, eu sinto saudade. Amo meu namorado. Amo minha mãe, meu irmão, meus avôs e minhas primas. Descobri que gosto de pegar nenês. Ás vezes sou muito meiga, ás vezes sou muito ríspida e minha TPM é do inferno.
 Pensar na possibilidade de não estar fazendo meu trabalho de forma correta me dá ódio de mim. Odeio faltar trabalho, chegar atrasada no trabalho ou não terminar o meu trabalho. Odeio ter débitos com as pessoas, afetivos ou financeiros. Nunca me cobre amizade, eu já dou o máximo de mim que posso e se esfriou, esfriou, o que foi bom, sempre fica. Amo encontrar gente que ama falar que ama porque eu amo mesmo.
Não discuto Deus, não discuto religião, você reencarna, ora ou reza, em direção a Mecca ou a o que for, mas respeite a pessoa que acha que nada disso exista. Eu acredito em Deus e vou na igreja se quiser. Só vou onde eu quero, não tenho mais oito anos de idade e tênis da Xuxa pra ir arrastada em algum lugar.

Sou paranoica e tenho medo de perder. Sou muito feliz de ser quem eu sou, estar onde estou e de sempre querer melhorar. Faço caretas e discuto, mas sou feliz sendo assim.
                      
                            -Marcella Leal

domingo, 15 de junho de 2014

2 anos e 2 meses, sem parágrafos.

           Nessa nossa história linda, sem começos de “Era uma vez” e sem final de felicidade eterna, eu só sei te dizer  que a cada dia que passa, reforço minha certeza que é com você, daqui há muitos anos, de cabelos brancos na nossa cadeira de balanço, que eu quero ter nosso ponto final. Juntos e de mãos dadas, com as lembranças das crianças na varanda, dos cachorros e das viagens, com nossa história traçada junta e meus dedos a entrelaçar os seus. Ainda vou ter na memória, o nosso primeiro beijo entre as ruas do centro da cidade, do pedido de namoro no parque, das nossas brigas, das nossas risadas, dos momentos que achei que ficaria sozinha, mas te vi do meu lado. Com você eu quero o mundo inteiro, um milhão de aventuras e morar no seu abraço, sentindo seu cheiro, tendo certeza de que se existe mesmo algum motivo pra essa vida insana, que você é um deles, que você é quem tira minha vontade de organizar os lápis de cor por ordem de cor e tamanho e me dá vontade de tirar os sapatos, esquecer o certo e somente entender que é com você, que eu quero o para sempre. Porque te amo, sem vírgulas ou talvez, sem medo e sem não, para sempre e sem fim.

                                                       - Marcella Leal

terça-feira, 3 de junho de 2014

O celular nunca dorme no silencioso

                A gente se junta quando vê no outro nosso espelho refletir, ou porque se atenta para aquilo que nunca soube ser. O outro é a nossa maior inspiração para ser o que já é ou ainda quem nunca pensou que gostaria de ser.
Não se faz amizade por camisas de marca, cabelos bonitos ,vestidos bem cortados ou boa oratória; Se faz por dentro e vem de dentro. Vem sem espera e sem aviso, na conversa do dia-a-dia quando “Porque o cara que eu conheci em tal lugar” vira “O meu amigo” ou “A menina lá da faculdade que converso” vira “A minha amiga” e vira sem ver, vira sem saber e sem querer.
 Amizade é ter no outro parte de si ou o que te falta para ser completo. Amigos não são fórmulas certas ou frases já esperadas, não são pré-rotulados. Amigo é sentar juntos por horas e ter mil assuntos pra comentar, intimidade que nasce sem perceber e aperto no peito por estar muito tempo sem ver.
Amigo é qualquer hora, 3 da manhã, no meio da aula, no final do dia, todos os dias e quando dá pra ver, mas é pra sempre, amigo. Independente da onde estiver, de quão ocupado possa estar... É pra essas coisas.

                                             Marcella Leal 

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Quero

        
         Hoje eu só me quero. De roupa relaxada, cabelo sem pentear e rosto sem esconderijos; Hoje não há maquiagem capaz de me afastar de mim. Me quero com essas minhas manias e transtornos, com meus dramas e ciúmes. Me quero e ponto, de qualquer forma. Não sei ser dos outros todo dias e passar por cima dos meus interesses e quereres, para satisfazer os alheios. Sou muito eu pra não ser minha, e só quero me ouvir respirar, pensar, cantar mentalmente uma música bonita que dê mais sentido a essa loucura que é viver. Desliga tudo, desliga do mundo, deixa o corpo transbordar, porque hoje eu sou só minha. Hoje eu sou um turbilhão de pensamentos, um acumulado de pesos que recaem sobre os ombros. Sou minha, sou eu.

                                - Marcella Leal

domingo, 18 de maio de 2014

De tempos que deixam saudade


Entre fotos na parede e uma caixa de bilhetinhos e cartas antigas, ficaram lembranças, de amigos que um dia foram do peito e hoje já são distantes, e de pessoas que há tempos não sei falar “nós” sem certo receio de invadir uma individualidade a qual não pertenço.
O tempo passou desde os cadernos da sexta série cheio de corações e nomes de meninos semi-especiais que a gente achava ser nosso mundo, passou desde um ensino médio coberto de falsos sorrisos e convites vazios e rasos. O tempo passou para eles, o tempo passou para mim e no decorrer de tantos anos, meses, semanas e dois dias atrás, ficaram memórias ocupadas de momentos bons e de histórias repletas para contar um dia.
O fato é que eu, não sei mais ser pela metade, aprendi a ser oito ou oitenta, mesmo que isso magoe, machuque ou que simplesmente não seja o melhor jeito de ser sociável. A vida ensina que “tratar bem” e “ser boazinha, educada, bonitinha, boamiguinha” é coisa que a gente só faz pra ser superficial e não pra ser a gente, afinal, quem melhor do que os bons e verdadeiros para conhecer nossos espelhos sem que termos que contar ou entregar instruções?
Cansei de barulhinhos de pássaros que convidam a conversas nas quais você não se sente a vontade para falar e desse falso interesse que fingem ter pra ganhar um amigo pra contar no dedo a mais. Fechei o círculo. Aos poucos foram ficando os que se importavam e para trás ficaram conhecidos de quando eu achava que aos dezoito eu moraria sozinha, amigos que apoiaram na saúde e na doença, na alegria e na tristeza e rostos que vi pela faculdade e um dia sentei junto.
Amadurecer é quebrar a cara, pôr a mão no fogo por você mesma e se queimar, ver gente fazendo escolhas erradas e pagar  língua por querer falar, é dizer “adeus” e só querer do seu lado quem te faz sorrir, te põem pra cima e depois de alguns dias você consegue falar “Deu saudade”, afinal, a ausência sentida é a certeza de que a presença valeu a pena.

- Marcella Leal

Começar

          
            Criei o Cabelo Cor de Rosa aos treze anos de idade e durante bons cinco anos, usei esse blog querido e de arquivo extenso para destilar emoções, alegrias, decepções pré-adolescentes e certo tanto de maldade juvenil. Conheci pessoas maravilhosas, como o Fernando Viana, o Marco Miguxo Hetero, Henrique Miné, Jade e tantos outros que na época de "tem post novo no blog, comenta lá!" se fizeram presente na minha vida. Escrever era pra mim uma forma de externar tudo o que se passava dentro do meu coração e mente conturbada e foi também através do blog que fiz amigos da vida real e que registrei tantas histórias boas da minha vida (Estou indo de volta pra casa, Seis,Quatro anos, Sorvetes, Putas e Twitcams,Águas quentes e pão de queijo, e tantas outras que até doeu "linkar"). Não deletei o blog porque doeu ver parte de mim se desfazer, ele está lá, mas a partir de hoje, eu começo aqui, mesmo que ninguém leia isso tudo, mesmo que seja só uma forma de externar para mim mesmo, é sempre bom ter onde desabafar.
                Nesse primeiro post, tenho que agradecer ao meu namorado lindo e maravilhoso que vive de me encher o saco "Volta e escrever, amor! Era tão bom, amor!", a minha prima Mari Caetano que fez o banner, deu ideia pro nome e me apoiou sem parar e a Alice Duarte, amiga que me suporta há cinco anos, só por ter entrado nesse blog, três vezes na mesma noite pra ver ele ser montado.

                                                               -Marcella Leal