Costumo fazer caretas em frente ao espelho ou para a câmera frontal do
celular e discuto mentalmente com muita gente por coisas que nem chegaram a
acontecer; Gosto de me ver no meu pior e não me assusto mais com ele.
Sei há anos que não sou uma das pessoas mais fáceis
de lidar, afinal, sou sistemática e arrumo os enfeites do quarto do mesmo jeito
todos os dias, não gosto de conhecer gente nova porque fico entediada
procurando assuntos e não é toda festa que me agrada. Tem dias que não quero
socializar, pôr maquiagem, roupa bonita e papo pra dar e vender. Tem dias que
ficar em casa é a mesma coisa de me pôr na guilhotina.
Sou muito de “veneta” como diz minha mãe, hoje não,
amanhã sim e depois “ai meu Deus, porque você tá me dando isso?”. Encho o saco
fácil, minha paciência é privilégio para poucos e apesar de frequentar um curso
que prega a igualdade, direito de opinião, “escute o outro, todos tem algo pra
acrescentar”, “é assim que vai se comportar numa audiência?”, eu simplesmente
ás vezes não tô a fim de ouvir o que ninguém tem a me dizer.
Acho que sou
um pouco individualista, não gosto nem de dividir pensamento, pessoas, amores,
momentos. Sou também egocêntrica, é tudo meu e ponto final. Tenho espalhados
pelo quarto, fotos, enfeites, cartas, recordações da escola, da infância e
citações dos livros que li, sou bastante apegada ao passado e as pessoas,
filtrei do que vivi apenas o que me fez bem e passo dias sem lembrar das
porcarias que tive que conviver um dia.
Parei de
manter diários há muito tempo, mas encho os cantos de caderno, notas do celular
e o word com pensamentinhos que falam muito mais do que eu mesmo. Faço amizade
fácil, geralmente, eu tenho opiniões sarcásticas e não gosto de almoçar
sozinha, isso atrai pessoas para falar ou comer entre o trabalho e a
faculdade... mas, não tente me apresentar ninguém, por favor, sou bobona e não
sei falar inteligente.
Pessoas Facebook me irritam, pessoas “eu li e tô
reproduzindo” me tiram do sério, ou você forma sua opinião sobre alguma coisa
ou você cala a boca: é o meu mantra, meu ideal de vida. Sou apaixonada pelo meu curso, amo comprar
caderno novo e caneta nova, tem cheiro de recomeço.
Amo meus amigos. Se eu chamei de amigo, é porque
realmente, eu gosto pra caramba daquela pessoa, me dói ficar longe, eu sinto
saudade. Amo meu namorado. Amo minha mãe, meu irmão, meus avôs e minhas primas.
Descobri que gosto de pegar nenês. Ás vezes sou muito meiga, ás vezes sou muito
ríspida e minha TPM é do inferno.
Pensar na
possibilidade de não estar fazendo meu trabalho de forma correta me dá ódio de
mim. Odeio faltar trabalho, chegar atrasada no trabalho ou não terminar o meu
trabalho. Odeio ter débitos com as pessoas, afetivos ou financeiros. Nunca me
cobre amizade, eu já dou o máximo de mim que posso e se esfriou, esfriou, o que
foi bom, sempre fica. Amo encontrar gente que ama falar que ama porque eu amo
mesmo.
Não discuto Deus, não discuto religião, você
reencarna, ora ou reza, em direção a Mecca ou a o que for, mas respeite a
pessoa que acha que nada disso exista. Eu acredito em Deus e vou na igreja se
quiser. Só vou onde eu quero, não tenho mais oito anos de idade e tênis da Xuxa
pra ir arrastada em algum lugar.
Sou paranoica e tenho medo de perder. Sou muito
feliz de ser quem eu sou, estar onde estou e de sempre querer melhorar. Faço caretas
e discuto, mas sou feliz sendo assim.
-Marcella Leal