Entre fotos na
parede e uma caixa de bilhetinhos e cartas antigas, ficaram lembranças, de
amigos que um dia foram do peito e hoje já são distantes, e de pessoas que há
tempos não sei falar “nós” sem certo receio de invadir uma individualidade a
qual não pertenço.
O tempo passou
desde os cadernos da sexta série cheio de corações e nomes de meninos
semi-especiais que a gente achava ser nosso mundo, passou desde um ensino médio
coberto de falsos sorrisos e convites vazios e rasos. O tempo passou para eles,
o tempo passou para mim e no decorrer de tantos anos, meses, semanas e dois
dias atrás, ficaram memórias ocupadas de momentos bons e de histórias repletas
para contar um dia.
O fato é que
eu, não sei mais ser pela metade, aprendi a ser oito ou oitenta, mesmo que isso
magoe, machuque ou que simplesmente não seja o melhor jeito de ser sociável. A
vida ensina que “tratar bem” e “ser boazinha, educada, bonitinha, boamiguinha”
é coisa que a gente só faz pra ser superficial e não pra ser a gente, afinal,
quem melhor do que os bons e verdadeiros para conhecer nossos espelhos sem que
termos que contar ou entregar instruções?
Cansei de
barulhinhos de pássaros que convidam a conversas nas quais você não se sente a
vontade para falar e desse falso interesse que fingem ter pra ganhar um amigo
pra contar no dedo a mais. Fechei o círculo. Aos poucos foram ficando os que se
importavam e para trás ficaram conhecidos de quando eu achava que aos dezoito
eu moraria sozinha, amigos que apoiaram na saúde e na doença, na alegria e na
tristeza e rostos que vi pela faculdade e um dia sentei junto.
Amadurecer é
quebrar a cara, pôr a mão no fogo por você mesma e se queimar, ver gente fazendo
escolhas erradas e pagar língua por
querer falar, é dizer “adeus” e só querer do seu lado quem te faz sorrir, te
põem pra cima e depois de alguns dias você consegue falar “Deu saudade”,
afinal, a ausência sentida é a certeza de que a presença valeu a pena.
-
Marcella Leal
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